quinta-feira, 9 de julho de 2009

Salas e Orquestras

Nesta semana os amantes de boa música têm motivos para se alegrar: em São Paulo são comemorados os dez anos da inauguração da Sala São Paulo e em Paulínia teve início a programação de música clássica em uma sala que também conta com padrões de excelência em acústica. Enquanto isso, em Campinas, durante o concerto da Orquestra Sinfônica Municipal, uma revoada de morcegos dava rasantes ao som da Sinfonia Fantástica de Berlioz, sem sequer esperara o último movimento, Sonho de uma Noite de Sabá, mais apropriado a esse tipo de 'espetáculo'. A situação do Centro de Convivência Cultural é lamentável.
Sabe-se que a construção da Sala São Paulo e a reestruturação da OSESP foram duas partes de um mesmo projeto, em que houve vontade política do saudoso Mário Covas e do então secretário Marcos Mendonça. Seria impossível, mesmo com a competência do maestro John Neschling, a formação de uma orquestra do nível da que se tem hoje sem uma sede adequada.
No caso de Campinas, temos uma orquestra de altos e baixos, que passou bons momentos sob a batuta de Cláudio Cruz, depois maus momentos, perdeu qualidade a assinantes, e agora tenta respirar sob a competente direção artística de Ligia Amadio. Para quem está na plateia, é visível a melhora. Porém, nem a garra da maestrina fará o milagre de nos dar uma boa orquestra sob condições tão precárias.
Esperamos que, em 2015, os 50 anos da descabida destruição do Teatro Municipal de Campinas sejam lembrados com a inauguração de um novo teatro, adequado à realização de concertos e óperas, e que, bem antes disso, sejam restaurados os já existentes.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Concerto para Violino n. 3 de Saint-Saëns pela OSMC e Yang Liu (04 e 05 de julho)

Neste fim de semana, a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, sob a sempre brilhante regência de Ligia Amadio, executa duas obras de compositores do romantismo francês: o Concerto para Violino número 3 de Camille Saint-Saëns e a Sinfonia Fantástica de Hector Berlioz (ver comentário abaixo). O mesmo programa será apresentado na terça-feira, dia 07, no 40º Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, que tem como tema o ano da França no Brasil.
Para o concerto de Saint-Saëns, o solista convidado será o jovem violinista chinês
Yang Liu, de 33 anos, que já esteve em Campinas em fevereiro de 2005, no Primeiro (e único) Festival Internacional de Música da Unicamp. Na ocasião, o violinista levantou a platéia em recitais de câmara e, sobretudo, no Concerto para Violino n. 1 de Paganini, ao lado da orquestra acadêmica do festival.
Compositor e solista têm em comum o virtuosismo que se revelou bem cedo. Ambos estrearam como solistas aos 10 ou 11 anos de idade, um ao piano, tocando concertos de Beethoven e Mozart, outro ao violino, tocando Zigeunerweisen de Sarasate. Mais uma coincidência: foi a Sarasate que o Concerto n. 3 de Saint-Saëns foi dedicado e foi ele quem o estreou em 1880.
Nascido em Tsingtao, China, Yang Liu começou a estudar violino aos 4 anos, após ouvir o som do instrumento vindo da casa da vizinha, e mudou-se para os Estados Unidos, onde vive desde 1998.
Mais informações sobre o solista podem ser obtidas em seu site oficial: http://www.yangliu.org

No Youtube há várias versões do concerto. Seguem os links para as de Yehudi Menuhin
http://www.youtube.com/watch?v=otlQr7dgYfM
e de Zino Francescatti
1. Allegro non troppo - http://www.youtube.com/watch?v=PSx37Ounv98&feature=PlayList&p=1DDB74F1C112B359&index=0&playnext=1
2. Andantino quasi allegretto - http://www.youtube.com/watch?v=cna4c6WuJuQ&feature=PlayList&p=1DDB74F1C112B359&playnext=1&playnext_from=PL&index=1
3. Molto moderato e maestroso - http://www.youtube.com/watch?v=5iwAzZ4U7wE&feature=PlayList&p=1DDB74F1C112B359&playnext=1&playnext_from=PL&index=2

Infelizmente, a brilhante interpretação de Itzhak Perlman não está no Youtube.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Sinfonia Fantástica de Berlioz pela OSMC (04 e 05 de junho)


Sinfonia Fantástica em Cinco Atos.
(
Symphonie fantastique en cinq parties), Op. 14a, foi composta por Hector Berlioz (1803-1869), integrante do romantismo francês, em 1830. Embora tenha estreado no Conservatório de Paris em dezembro do mesmo ano, só foi publicada 15 anos mais tarde, após várias revisões e modificações. A Sinfonia Fantástica em conjunto com Lélio ou O Retorno à Vida formam o conjunto que recebeu o nome de Episódios da Vida de um Artista (Op. 14), que foi apresentado em São Paulo, em abril deste ano, pela Orchestre des Champs-Elysées.

É interessante a história dessa composição. Ao assistir, em 1927, no Théâtre de l'Odéon, à peça Hamlet de Shakespeare, Berlioz se apaixonou pela atriz irlandesa Harriet Smithson, considerada uma atriz de segunda linha.
Rejeitado pela inacessível atriz, Berlioz se convenceu de que era uma cortesã, indigna de seu amor. Nessa linha, e soba a influência de Weber, Gothe e Beethoven, começou a compor a Sinfonia Fantástica: a história de uma paixão seguida por uma desilusão. Para expor a degradação do ídolo, porém, Berlioz não poderia se valer do modelo tradicional da sinfonia. Construiu um drama em cinco partes (expostas abaixo), que evolui dos sentimentos mais puros e apaixonados aos delírios e sarcasmo. Durante toda a obra está presente a amada, ou objeto da obsessão, representada por uma melodia, uma ideia fixa.
A sinfonia é, na verdade, uma colcha de retalhos onde melodias previamente compostas por Berlioz são alinhavada pela ideia fixa. Isso não diminui o valor da obra. Ao contrário, dá maior legitimidade ao subtítulo e à intenção do compositor: episódios da vida de um artista. Faz uma revisão de sua obra, de seus fracassos -- de suas peças não executadas, de suas duas eliminações do concurso de composição de Roma -- e também de seus sucessos -- dos prêmios de Segundo e Primeiro lugar no concurso de Roma e da aceitação como compositor. Ao lado de tudo isso, está sempre presenta a paixão pela atriz inglesa, que o perseguia havia quatro anos.
Harriet Smithson não foi à estreia da obra em 1930. Porém, dois anos mais tarde, em novembro de 1932, ela compareceu à execução, em Paris, quando a Sinfonia foi seguida pelo monodrama lírico Lelio ou o retorno à vida -- formando a obra op 14, Episódios da Vida de Um Artista. Após esse acontecimento, Berlioz teve uma recaída e declarou-se à atriz, dessa vez com sucesso. Casaram-se no ano seguinte, mas ficaram poucos anos juntos.

A Sinfonia, primeiro exemplo de música programática instrumental, é acompanhada por um roteiro, escrito pelo próprio compositor, publicado no Le Figaro dez dias antes da estreia, que, segundo Berlioz, deve ser distribuído à plateia antes da execução da obra. O roteiro também sofreu modificações. Segundo a versão de 1932.
O compositor teve o objetivo de desenvolver (...) diferentes situações da vida de um artista. (...) O programa a seguir deve ser considerado como o texto falado de uma ópera (...).

Segue a tradução da versão de 1832 do roteiro, a partir do francês fonte:
http://fr.wikipedia.org/wiki/Symphonie_fantastique).

Primeira Parte: Devaneios, Paixões.
O autor supõe que um jovem músico, afetado por essa doença moral que um escritor célebre chamou de “onda de paixões” (vague des passions), vê pela primeira vez uma mulher que reúne todos os charmes do ser ideal com o qual sua imaginação sonha, e se apaixona perdidamente por ela. Por uma singular bizarrice, a imagem queria não se apresenta ao espírito do artista sem estar associada a um pensamento musical, onde ele acha um certo caráter passional, mas nobre e tímido como o objeto de seu amor.
Esse reflexo melódico e seu modelo o perseguem sem cessar, como um dupla idéia fixa. Essa é a razão da aparição constante, em todos os movimentos da sinfonia, da melodia com que começa o primeiro allegro. A passagem desse estado de devaneio melancólico, interrompido por alguns acessos de alegria sem causa, para o de uma paixão delirante, com seus movimentos de furor de ciúmes, seus retornos à ternura, suas lágrimas, etc, tudo isso é o tema do primeiro movimento.
[O primeiro movimento começa com uma introdução lenta – a melodia que representa a idéia fixa – seguida por um allegro, onde estão presentes a alegria sem causa, os acessos de ciúmes, etc]

Segunda Parte: Um Baile.
O artista é colocado nas mais diversas circunstâncias da vida, no meio do tumulto de uma festa, na tranqüila contemplação das belezas da natureza; mas por toda parte, na vila, no campo, a imagem querida vem se apresentar a ele e lançar perturbação a sua alma.
[Logo no início do segundo movimento, após bela participação da harpa, ouve-se a valsa do baile. E eis que surge a idéia fixa dá sinais de vida. Na versão de 1955, só é feita referência à cena do baile, sem se falar em contemplação das belezas da natureza, etc. De fato, no segundo movimento o baile está presente o tempo todo, o que nos leva a crer que as modificações no roteiro reflitam modificações na versão final da música.]

Terceira Parte: Cena no Campo.
Encontrando-se uma tarde no campo, ele escuta ao longe dois pastores que dialogam um ranz de vaches [canção]; esse duo pastoral, o lugar da cena, o leve barulho das árvores docemente agitadas pelo vento, alguns motivos de esperança que ele passou a conceber, tudo colabora para devolver ao seu coração uma calma não usual e a dar a suas idéias uma cor mais radiante. Ele reflete sobre seu isolamento; ele espera em breve não ser mais tão só... Mas se ela o enganar... Essa mistura de esperança e de temor, essas idéias de felicidade perturbadas por maus pressentimentos, formam o tema do adagio. Ao fim, um dos pastores retoma a ranz de vaches; o outro não responde mais... Barulho longo de trovão... Solidão... Silêncio...

Quarta Parte: Marcha do Suplício.
Tendo alcançado a certeza de que aquela que adora não só não responde ao seu amor, mas também é incapaz de compreendê-lo, e que, além disso, ela é indigna dele, o artista se envenena com ópio. A dose do narcótico, fraca demais para levá-lo à morte, o mergulha em um sono acompanhado das mais terríveis visões. Ele sonha que matou aquela que amava, que é condenado, conduzido ao suplício, e que assiste à sua própria execução. O cortejo avança ao som de uma marcha ora sombria e violenta, ora brilhante e solene, na qual um barulho surdo de passos graves sucede sem transição aos mais barulhentos estrondos. Ao fim da marcha, os quatro primeiros compassos da idéia fixa reaparecem como um último pensamento de amor interrompido pelo golpe fatal.

Quinta Parte: Sonhos de uma Noite de Sabbat.
Ele se vê no sabbat, no meio de um grupo horrível de sombras, de feiticeiras, de monstros de todas as espécies, reunidos para seu funeral. Barulhos estranos, gemidos, gargalhadas, gritos longínquos que parecem ser respondidos por outros. A melodia amada reaparece ainda, mas ela perdeu seu caráter de nobreza e timidez; tem somente um ar de dança ignóbil, trivial e grotesca: é ela que vem ao sabbat... Ruidosa de alegria à sua chegada... Ela se mistura à orgia diabólica... Sinos fúnebres, paródia burlesca de Dies Irae. A dança do Sabbat e o Dies Irae juntos.


Links:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hector_Berlioz
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sinfonia_Fant%C3%A1stica
http://www.hberlioz.com/Scores/sfantastique.htm (contém o roteiro em inglês)
http://fr.wikipedia.org/wiki/Symphonie_fantastique (contém o roteiro em francês)

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Palavra (En)cantada em cartaz no Topázio.

Desde os tempos dos trovadores medievais até o rap, o perfeito casamento entre música e poesia. E neste assunto casamento é mesmo uma palavra adequada, uma vez que trata-se de uma junção sem que cada um perca seu valor, seu papel. Helena Solberg soube, com maestria, em seu documentário, colher e escolher depoimentos, músicas, letras, melodias, de modo a nos levar a aprender e refletir da forma mais agradável e profunda possível. São 85 minutos de música, literatura e ideias.
Além da participação de Chico Buarque -- o nosso maior 'trovador'! --, Maria Bethânia, Tom Zé, entre outras personalidades, destacam-se depoimentos de 'cantores' de rap. É nesse momento que descobrimos que a escola do rap foram os repentistas do nordeste e a importância que dão à palavra.
Cenas de Hilda Hilst e Zeca Baleiro trabalhando juntos em composições de um fantástico disco dionisíaco (Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé - De Ariana para Dionísio) e o depoimento de competentes musicólogos também contribuem para tornar esse documentário algo simplesmente imperdível.

No Topázio, às 14:40 e às 18:30.
http://www.topaziocinemas.com.br/filmePalavra.htm

OSMC apresenta Concerto para Piano N. 1 de Liszt (18 e 19 de abil)

Neste final de semana a OSMC apresentará, sob a regência de Ligia Amadio, o Primeiro Concerto para Piano de Liszt. O solista será Fernando Lopes.

O húngaro Franz Liszt (1811-1886) foi um notável pianista e compositor de seu tempo, quando ficou conhecido por seus famosos e badalados recitais, onde, para deleite da platéia, exibia toda o seu virtuosismo. Como compositor, Liszt inovou a técnica pianística, explorando o piano de forma bastante vigorosa, e criou peças de difícil execução. Liszt exerceu marcante influência sobre compositores como Wagner, de modo que muitas obras de Liszt podem ser encontrados temas bastantes semelhantes aos usados por Wagner em suas óperas.
Com cerca de apenas 20 minutos, o concerto é conciso, porém completo. Possui quatro movimentos, tocados sem intervalo entre eles: Allegro maestoso, Quasi adagio, Allegretto vivace - Allegro animato e Allegro marziale animato.
O primeiro tema, um motivo que retorna durante todo o concerto, funcionando como elemento de coesão, é apresentado logo no início, pela orquestra, sendo repetido, depois, pelo piano.
Neste concerto, momentos de vigor são intercalados com momentos de grande lirismo -- como, por exemplo, no início do segundo movimento. No primeiro movimento, é de se notar o belo diálogo entre o piano e instrumentos solistas da orquestra: primeiro o clarinete, depois o violino, repetindo o mesmo tema. Ainda sobre o primeiro movimento, uma interessante observação é a forma como termina: com uma escala cromática que deixa a música 'no ar', sem um ponto final. O segundo movimento começa sereno, com cellos e baixos introduzindo um tema que é, em seguida, repetido pelo restante da seção de cordas e retomado pelo piano num longo solo. Um momento de profunda beleza. Em seguida, piano e cordas dialogam. Após mais solo de piano, ele toca ornamentos agudos durante solos das madeiras. O terceiro movimento começa com o triângulo acompanhado por um quarteto de cordas. O uso do triângulo, algo bastante ousado para a época, é empregado até o final da obra. No final são retomados todos os temas apresentados durante o concerto e o tema do segundo movimento volta como uma marcha. Termina de modo vigoroso, com piano e orquestra tocando o último acorde.
Composto pelo virtuose do piano do século XIX e para ser por ele mesmo tocado, o concerto possui passagens de difícil execução, com saltos em que o pianista corre grande risco de incorrer em 'esbarradas' acidentais.
O concerto estreou em Weimar, em 1855, sob a regência de Hector Berlioz e com o próprio Liszt solando.

No Youtube há uma bela gravação com Sviatoslav Richter, cuja primeira parte está em
http://www.youtube.com/watch?v=OxzwEPB4Gd0
Há também o excelente vídeo de Martha Argerich, com a Berlin Radio Symphony Orchestra sob a regência de Christoph von Dohnanyi. Gravação feita em Berlin em 13 December 1981:
http://www.youtube.com/watch?v=9YNiav7q6ac&feature=PlayList&p=74F92EF4E80DC7A7&playnext=1&playnext_from=PL&index=8

quarta-feira, 15 de abril de 2009

OSMC apresenta Sinfonia n. 1 de Brahms (18 e 19 de abril)

A Sinfonia Número 1 de Johannes Brahms (1833-1897) esteou em novembro de 1876, sob a regência de Felix Otto Dessoff.
Duração: 22 anos.
Não se assuste o leitor, pois nos referimos à duração da composição, não da execução -- que leva cerca de 45 minutos. Essa inércia foi de fato bem grande: proporcional ao peso da herança de Beethoven! Vindo após o mestre, Brahms sentiu-se bem pouco à vontade para compor obras sinfônicas, uma vez que o julgava insuperável. Exigente consigo mesmo, Brahms provavelmente nem se deu conta de que compositores não devem buscar superar seus antecessores, seus ídolos, mas apenas sucedê-los: continuar compondo, conforme as exigências de seu tempo e sua personalidade. Em uma palavra: dar curso à história. A responsabilidade que representava, para ele, vir após Beethoven justifica as inúmeras citações de obras beethovenianas ao longo da sinfonia. Para ele tratava-se de uma homenagem. Provavelmente era mais que isso: um pedido de aval.
A introdução da sinfonia, com o ritmo marcado pelo tímpano, com cordas e madeiras executando movimentos opostos, forte e marcante, foi a última parte a ser composta. Tem o clima ao mesmo tempo de comemoração por ter finalmente composto a sinfonia, mas de tensão, de expectativa. O clima árido e tenso, aliás, persiste durante todo o primeiro movimento -- Poco Sostenuto. Allegro --, dando lugar a um ambiente lírico, calmo, transcendental, apenas no segundo movimento. O Andante Sostenuto é, certamente, dos mais belos momentos do romantismo de Brahms. Parece-nos um fato bastante curioso o solo de violino, neste movimento, com temas dos quartetos de cordas de Beethoven, inserido em um ambiente tão romântico, que em interpretações como a de Leonard Bernstein torna-se quase wagneriano. Mais curioso ainda torna-se ao nos lembrarmos que em 1860, enquanto nasciam os rascunhos da primeira sinfonia, assinou um manifesto contra a músicaneo-alemã de Wagner e Liszt. Porém, Brahms e Wagner beberam da mesma fonte: mais uma vez, Beethoven.
O terceiro movimento, Un Poco Allegretto e Grazioso, tem mais vivacidade que o precedente, mas sem perder o lirismo, a poesia. Aqui surge um rompimento com o modelo beethoveniano, uma vez que nesse modelo se esperaria um scherzo.
Talvez esteja no Allegro non troppo do quarto movimento o momento mais belamente beethoveniano: acompanhados por pizzicatos dos cellos e contrabaixos, os violinos tocam, em seu registro grave, uma melodia que faz clara referência ao famoso quarto movimento da Nona Sinfonia de Beethoven. Antes dessa seção, ouve-se o solo de trompa -- depois imitado pelas flautas e trombones -- que, segundo Brahms escreveu em uma carta a Clara Schumann, foi um solo que ele ouviu tocado por um pastor. Foi provavelmente por isso que essa sinfonia ganhou o apelido provocante de 'Décima de Beethoven'.

O Youtube nos oferece um interessante vídeo: um pequeno trecho do ensaio do quarto movimento com Leonard Bernstein. É só clicar e conferir:
http://www.youtube.com/watch?v=nIAXhq1IWt0
Ainda no Youtube, é possível assistir à sinfonia inteira com Herbert von Karajan e a Filarmônica de Berlin (gravação de 1987). Aí vai o link para o início:
http://www.youtube.com/watch?v=K51QxH2IDnQ&feature=PlayList&p=8CC8F7F29770CC66&playnext=1&playnext_from=PL&index=30

Na Wikipédia:
Brahms
Brahms (inglês)
Sinfonia n. 1 (inglês)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Movimento para um teatro de ópera em Campinas.


Como não podia deixar de ser, inauguro este blog com um importante movimento: a mobilização pela construção de um teatro em Campinas.
Desde a destruição do Teatro Municipal por Rui Novaes em 1965, Campinas não tem um teatro apropriado para óperas e concertos. Atualmente com sede no Centro de Convivência Cultural, a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas divide as atenções do público com morcegos que voam durante os concertos. As condições de acústicas não merecem nem comentário.
Como às autoridades custa muito investir em cultura, é necessário que os cidadãos se mobilizem e exijam a (re)construção do teatro.

Blog do movimento para um teatro de ópera em Campinas:
http://teatrodecampinas.wordpress.com/

Endereço do Abaixo-assinado:
http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/3933